Hoje quando acordei você não estava ao meu lado. Apenas
por alguns segundos pensei que estivesse em algum lugar da casa e que logo
retornaria para eu me aninhar em seu peito. Não demorou muito para eu me dar
conta de que você não estava ali e a dor que até então não tinha chegado,
quase me partiu em duas. Senti um vazio esmagador por dentro e uma
vontade inexplicável de sair correndo até te encontrar, mas não
consegui mover nenhum centímetro. Encarei o teto do nosso quarto - que agora
passou a ser apenas meu - a espera de um sinal ou até mesmo um beliscão que me
faria retornar à realidade, mas nada aconteceu.
E foi exatamente ai que eu me dei conta de que acabou. Não
tem mais volta. Eu havia sido bem clara semanas atrás quando disse que se você
saísse por aquela porta nunca mais o deixaria entrar em minha vida, e pensar
que você não hesitou nenhum segundo em ultrapassar os limites delimitados por
mim fez escorrer a primeira lágrima. Eu prometi pra mim mesma que esta seria a primeira e última que eu derramaria por alguém que lutou tão pouco por nós.
É difícil aceitar que lutei sozinha nos últimos meses em busca de um futuro no plural. É difícil entender porque você transformava uma coisa simples na coisa mais complicada que eu já vi. É difícil acreditar que a vida continua e que um dia vou acabar superando. Não consigo entender onde exatamente nós nos perdemos, se foi no fim do meio ou no meio do fim. A única coisa que eu sei é que te amei mais do que pude e que hoje tudo que vivemos parece não significar nada.
Os dias continuam ensolarados e os passarinhos continuam cantando, nada mudou além de nós dois. Hoje te vi passar do outro lado da rua e fiquei observando como você é sem mim. Pareceu estar feliz, o que me fez sorrir. Te ver sorrindo me fez perceber que a vida no singular pode não ser tão ruim quanto eu esperava e que amanhã poderá ser eu sorrindo enquanto você me observa.
Cheguei em casa determinada a abrir espaço pra felicidade entrar. Tirei suas roupas da segunda gaveta e a enchi com aquelas saias e vestidos que você me proibia de usar. Troquei as nossas fotos do porta-retratos por fotografias em que eu estou sorrindo. Tirei os ursos de pelúcia que você me deu no dia dos namorados de cima da cama e troquei os lençóis que cheiravam seu perfume.
Hoje dormi melhor, terminei de ler o livro que você me deu (o que não deixou de ser mais um ciclo que estava sendo fechado), comi brigadeiro e assisti todas as séries que você dizia ser de menininha. Dormi pela primeira vez sem me afogar em lágrimas e sem pesadelos. Acordei sorrindo, assim como você da última vez que te vi, e prometi pra mim mesma que seria forte.
Já faz quase um ano que você saiu por aquela porta sem hesitar e hoje percebi que foi a melhor coisa que me aconteceu. Meus risos esporádicos se tornaram mais frequentes e nunca mais sofri por nós.
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