19 março, 2013

Xeque-Mate



Quando me dei conta eu já estava apaixonada. Não Peraí. Vamos voltar ao início...
Enquanto eu observava cada detalhe do meu quarto lembrando de você, lembrei como tudo começou: eu correndo, apressada, e você me abordando com a pergunta mais boba do mundo. ''Posso te adicionar no facebook?'' 'Pode', respondi assustada. 
De cara te achei abusado, louco, e mais adjetivos que prefiro não comentar.. mas mesmo assim em meios de tantas conversas, risadas e aquele filme chato que me fez dormir, você me roubou um beijo. Ok. Nos beijamos. Você era bonito. Eu tava carente. Tentei. Não deu certo. Pulei fora. Te fiz mal. E assim eu resumi todo aquele episódio que martela na minha cabeça até os dias de hoje. 
O tempo passou (e eu sofri calada), me arrependia quando as coisas voltavam a dar errado, mas como sou orgulhosa e teimosa em excesso, não lhe dei uma oportunidade de me provar que eu estava errada. 
Quebrei a cara mais algumas vezes, inconformada por não achar alguém que me fizesse feliz. Aí eu lembrei você. Dois meses haviam se passado e muitas coisas haviam acontecido. 
Muitas mudanças, muitas novas histórias e uma bagagem imensa nas costas. 
Aquele ser disponível já não tinha mais tempo pra mim e para os meus ''joguinhos'', além de demorar a responder as minhas mensagens. 
Ao mesmo tempo que se mostrava interessado, seu pouco caso me deixava na dúvida. Seu medo de tentar outra vez me instigava. Aos poucos me vi determinada a te reconquistar, e mais uma vez comecei com meus joguinhos de risco onde já havia ferido o seu coração seriamente da primeira vez. 
Arrumei os peões no tabuleiro e dei minha primeira jogada. Você, como era de se esperar, recuou. Mas você não costumava recuar, então eu continuei atacando e usando todos os meus macetes a fim de te convencer de que eu estava disposta a ganhar. Mas, por inocência, ou até mesmo por burrice, isso não ficou claro no decorrer do jogo. 
Você, por instinto, ''comeu'' algumas peças do meu jogo e me deixou surpresa com tamanha audácia. Furiosa, tentei desistir, jogar todas as peças sobre o tabuleiro e me levantar da mesa, mas quando se deu conta das minhas reais intenções você pediu para que eu continuasse no jogo. 
Pedi uma pausa pra pensar. Será que compensaria continuar jogando quando o prêmio era você? 
Na verdade eu nem sabia se eu estava disposta a levar esse prêmio pra casa, mas a partir daí comecei a cogitar essa hipótese. Era minha vez de jogar: eu me defendi. E Como era de se esperar, você me atacou. O jogo começou a ficar interessante quando você finalmente percebeu que não era um jogo para amadores. 
No decorrer das jogadas, você me deu alguns ''xeques'' e, para meu alívio, escapei de todos. Defendi bem o meu rei atrás de toda essa determinação que lhe mostro. Perdi peões, cavalos, bispos, torres, e no final estávamos praticamente sozinhos. 
Não dependia de mais nenhuma peça deste tabuleiro. 
Era eu e você.
Toda essa adrenalina me deixou tentada e acabei me distraindo no meu próprio jogo.
Aproveitando da minha distração, você me deu um ''xeque-mate'' e me tirou todo o fôlego. 
Não havia mais escapatória, eu perdi esse jogo justo pra você. Aquele doido varrido que pediu permissão pra me adicionar no facebook. Aquele mesmo que eu dispensei por não estar disposta a jogar. Olha só. Todas as minhas peças caídas ao lado do tabuleiro e você me olhando com aquela cara de superioridade. 
Superioridade que eu nunca havia visto nesses seus olhos cor de âmbar. 
Atenta às peças do tabuleiro e ainda incrédula de minha derrota, não percebi o quanto eu estava feliz por ter perdido. 
Você veio até mim (ainda com a cara de superioridade) e me deu a mão. Foi aí que eu notei que por mais que eu pedisse uma revanche, você continuaria vencendo. 
Aceitei a derrota, e continuei segurando a sua mão. E sinceramente, não estou disposta a soltá-la.